Você com certeza já deve ter ouvido falar sobre K-POP (sigla para Korean Pop, música pop coreana ou música popular coreana), certo? Mas o que talvez você ainda não saiba é que a Coreia do Sul tem todo um movimento voltado para disseminação de sua cultura dentro do país e também no exterior, chamado de Hallyu – em tradução livre, ‘a onda coreana’.

Mas você acha que acaba por aí? Não mesmo! A Onda Hallyu ainda trás na sua bagagem os filmes e dramas/novelas coreanos. E pode acreditar, é uma gama tão grande de conteúdo quanto a quantidade de grupos de K-POP, e que vem caindo no gosto dos brasileiros dia após dia. Até o famoso serviço de streaming de filmes e séries, Netflix, já embarcou nesse potencial e traz em seu catálogo uma grande variedade desse conteúdo.  

O Matraca Cultural conversou com a autora do livro brasileiro Pule, Kim Jo Soo, Gabriela Brandalise, que se inspirou nos dramas coreanos para escrever seu livro. Confira! 

Pule, Kim Joo Soo – Divulgação

Matraca Cultural: Essa é a sua primeira obra publicada inspirada em dramas coreanos, certo? O que te levou a tê-los como inspiração? Em que momento da sua trajetória que decidiu escrever sobre isso?

Gabriela Brandalise: Sim, minha primeira obra inspirada em dramas coreanos. A ideia para o meu livro, Pule, Kim Joo So, surgiu do meu encantamento pelo jeito dos coreanos de contar histórias. Eu estava muito inspirada por isso e resolvi criar a minha própria. Mas não podia ser simplesmente uma cópia de algum drama que eu tinha assistido. Eu queria uma narrativa que trouxesse um pouco do estilo e do ritmo dos k-dramas, as referências, o perfil dos personagens e os clichês. Busquei mais informações sobre isso, sobre esse estilo do gênero, e assisti dramas clássicos, para pegar mais informações. Terminei mais inspirada e apaixonada pelo estilo. Tanto que terminei o livro em três meses, um tempo muito curto para quem quer escrever um romance. A primeira publicação de Pule, Kim Joo So foi no Wattpad, uma plataforma aberta de publicação de histórias e de fan fictions. Quando publiquei por lá, eu não era conhecida, então não estava esperando tantas leituras. Mas fui surpreendida porque o tema atraiu muita gente. Em dois meses, eu tinha 12 mil leituras. E desde esse período até agora, em que o livro já está publicado por uma editora, eu continuo recebendo o mesmo tipo de mensagem, tanto de pessoas que adoram dramas e quanto das que nunca tinham ouvido falar deles.

MC: Quais as dificuldades que encontrou para escrever algo tão diferente da sua cultura?

GB: A minha primeira reação ao ter contato com essa cultura foi um estranhamento, que é muito normal quando entramos em contato com algo que é novo e diferente de tudo o que já vimos. E justamente por ser “estranho” para mim é que fiquei muito curiosa. A minha reação foi ir atrás de mais, de ver mais, de entender melhor porque os diálogos nos dramas eram daquela forma, porque os clichês deles não eram parecidos com os ocidentais, porque os galãs dos dramas eram tão diferentes dos galãs dos filmes de Hollywood.

Entender a maneira de os coreanos contarem histórias acho que o meu principal desafio. Sempre que uma produção coreana se propõe a contar uma história, me parece que ela não tem a menor pretensão de imitar Hollywood ou as produções europeias. Os coreanos não têm medo de exagerar nas cores quando estão falando de sentimentos, de brincar com a realidade e a fantasia, de idealizar cenas de amor (afinal, é assim que elas nos parecem quando nos apaixonamos na vida real, parece tudo belo e perfeito), de criar rumos para histórias que você simplesmente não tinha como prever.

MC: Você também tem um canal no Youtube. Pelo que podemos ver, seu pontapé inicial com o canal foi para falar sobre livros, construções de narrativas e dicas para futuros escritores. No meio do caminho algo mudou e você é hoje uma das youtubers de KPOP com mais relevância no cenário. Pode me contar um pouquinho como foi essa transição para você? Como tem sido essa experiência?

GB: Meu sonho sempre foi ser escritora. Depois de levar alguns nãos de editoras, percebi que precisava tornar meu trabalho mais conhecido para que, na próxima vez que eu fosse enviar um manuscrito. Eu não tinha a perspectiva de me tornar conhecida, mas apenas o fato de estar no YouTube poderia me ajudar. E realmente me ajudou. Publiquei meu livro com a Editora Verus em 2017.

Como sou jornalista, falo muito para pessoas que querem começar a escrever um livro ou começar a criar histórias e não sabem bem como organizar seus textos. Então dou dicas sobre criação de personagens, sobre como dar o tom certo para a história, sobre fatores que prendem o leitor a uma narrativa… E para escrever bem, eu acredito que a pessoa precisa ter um repertório que seja rico. Então no canal tento falar de coisas que as pessoas podem até já conhecer, mas de uma forma que elas ainda não tenham ouvido. Trazer uma abordagem que não seja a de sempre, seja qual for o assunto que eu estiver abordando. Quando conheci o kpop e descobri músicas e produções tão boas, tive muita vontade de saber mais sobre o assunto. Fiz busca de vídeos no youtube de resenhas e pessoas analisando os conteúdos e não encontrei. Então, comecei a gravar os vídeos que eu não achei no youtube. Nas análises que eu faço, gosto de pontuar porque aquele determinado trabalho é bom, com o objetivo de ajudar a pessoa que está assistindo a refinar o olhar para trabalhos artísticos. Achei que as pessoas não assistiriam, me achariam chata ou tediosa, mas no fim descobri que tinham mais pessoas interessadas no mesmo conteúdo que eu. E fiquei muito feliz.

MC: Conte um pouquinho de você.

Divulgação

GB: Eu sou jornalista, ghostwriter e escritora. Sou pós-graduada em produção e revisão textual. Fiz curso de roteiro na Hollywood Film Academy (HFA) e na Escola de Escrita de Curitiba, fiz cursos de escrita criativa; aperfeiçoamento textual; arte contemporânea; criação de narrador; e de romance. Trabalhei como produtora e âncora na rádio CBN Curitiba e como coordenadora de jornalismo da rádio Educativa do Paraná. Hoje, sou assessora de imprensa, escritora e produtora de conteúdo. Estreei no mercado literário brasileiro com o livro Pule, Kim Joo So, um romance inspirado nos dramas coreanos. Comecei escrevendo fan fictions de cantores, bandas e seriados. Depois, parti para romances, crônicas, artigos, protestos, poemas e até músicas. Tenho 36 anos, tenho um gatinho lindo chamado Gandalf (que tem esse nome porque é cinza e meio velho), e costumo ouvir “cravo e canela” sempre que me apresento.

Confira também o canal da autora do Youtube: http://www.youtube.com/channel/UC97O1wgjzgLbC7KahArBBkQ/featured

 

About The Author

Mayara Toni

Jornalista por formação, escritora nas horas vagas e fã de carteirinha da cultura coreana. Desde pequena se descobriu completamente viciada em descobrir novas bandas ou grupos de música, sejam pop, rock, reggae, rap ou qualquer gênero que faça carinho nos ouvidos e coração. E não é que isso tem rendido boas histórias para contar? Caso vire nas esquinas das danças, shows e cinema, poderá encontrar a May por lá também. Viva la viva!

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