A crise provocada pela pandemia do Covid-19 fez o rapper baiano Baco Exu do Blues adiar, por tempo indeterminado, o lançamento do álbum “Bacanal”. Mas o período de isolamento social inspirou o disco “Não tem Bacanal Durante a Quarentena”, lançado recentemente, disponível nas plataformas de streaming de música. 

O álbum é a constatação de que a cultura não é estática e que, em momentos de crise, cumpre um papel essencial, tanto para questionar o sistema, quanto para entreter as pessoas. Finalizado em apenas três dias, o artista montou um estúdio em sua casa para a produção do EP.

O trabalho tem um tom de ansiedade, causada pelo distanciamento, bem como a abordagem política e a crítica ao racismo, característicos dos discos anteriores. 

Na faixa “Tudo Vai Dar Certo”, que conta com a participação de 1LUM3, parte da música é acompanhada pelo som dos panelaços que têm acontecido constantemente, com gritos de “Fora Bolsonaro” ao fundo. Em “Amo Cardi B e Odeio Bozo”, mais uma vez o artista critica o presidente do Brasil, ao dizer que a rapper Cardi B fez mais do que a autoridade.

A crítica às questões raciais estão em várias faixas, mas vale um destaque para “Jovem Preto Rico”, na qual ele aborda a forma como a sociedade vê a ascensão social do negro; e “Humanos Não Matam Deuses”, que fala sobre as feridas causadas pelo racismo, apropriação cultural e a dor de ser perseguido por ser negro

Retratando o cenário atual, “Cheio em Casa Cheio de Tesão” conta a história de um casal separado pelo distanciamento. Na música, que tem a participação de Lellê, eles fazem planos para o final da quarentena e cantam o sofrimento vivido nesse período.

Até o BBB entrou no disco. A faixa “Tropa do Babu” faz referência ao ator Babu Santana, que participa atualmente do programa. Ao final da música, entra uma fala do ator durante o reality show:

O mundo passou por cada coisa, você ainda se surpreende com o mundo? O quê que foi o nazismo? O quê que foi o nazismo? O quê que foi a escravidão? Você ainda se espanta com o mundo? O quê que são as favelas? E você ainda se espanta com o mundo?

Não se espante! Segure na sua convicção. Que a gente, o mundo, precisa de pessoas com convicções.

A capa, assinada por Guil, faz referência à arte do álbum Ready to di’e, do rapper Notorious Big. Na ilustração o artista retratou um urso usando uma máscara de proteção e um frasco de álcool em gel, fazendo referência à proteção contra a proliferação do coronavírus.  O disco tem nove faixas e conta com a participação de 1LUM3, Maya, Lellê, Aisha, Young PIva, Celo Dut, Vírus e Dactes.

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Antonio Saturnino

Jornalista, atleta frustrado, cantor de karaokê e pai de pets. Ama música e escrever sobre o tema durante anos lhe permitiu conhecer novos cantores e estilos musicais, então vocês verão muita coisa diferente e nova por aqui. Dança no meio da rua, adora cozinhar e estar em conexão com a natureza.

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