A pandemia de COVID-19 resgata o relacionamento do brasileiro com a programação de tevê aberta; entenda

A expectativa é que, depois que passar (e vai passar) a pandemia da COVID-19, o mundo não será mais o mesmo. Eu acredito nisso, de verdade. A necessidade de isolamento para evitar o aumento de casos e o colapso do sistema de saúde tem colocado muitas famílias unidas no lar.  E esse movimento forçado tem resgatado alguns hábitos na vida do brasileiro.

A televisão, por exemplo, está resgatando o status de outros tempos. Havia tempo que a tevê aberta, dentre canais de notícia e entretenimento, não tinha tanta audiência. E mais: já observei gente unida para ver as aventuras de Griselda na reprise compacta de Fina Estampa, de 2011. Confesso que eu, a Nina e o Snoopy estamos acompanhando para tirar um pouco o foco do número de mortos e infectados pelo novo coronavírus no mundo.

A novela de Aguinaldo Silva tem cumprido o papel proposto pela Globo. Relaxar as pessoas uma vez que cinema, shows e teatro tiveram que dar um tempo. Com isso, nossa cultura televisiva voltou a ganhar força nos últimos dias.

O mais interessante é que, por causa da tecnologia e das mídias sociais, havia um temor de que a televisão como conhecemos, com o tempo, fosse “saindo do ar”. Porém, então, veio a pandemia e podemos imaginar o quanto esse veículo tem sido importante para manter as pessoas em casa. É preciso entreter, informar, entreter, informar, entreter, informar e assim sucessivamente.

Os números de audiência têm sido bem expressivos nos últimos dias. O reality show Big Brother Brasil, que, em 2019 foi fracasso de audiência, ocasionado, principalmente, pela escolha equivocada do elenco, vai muito bem em 2020. De uma forma inédita, muitos estão passando por uma BBB experience por causa da pandemia.

Muito além do coronavírus

O BBB 20 tem bons personagens, sendo muitos deles já famosos no universo digital. Eles entraram na casa trazendo na bagagem seguidores de longa data. Os anônimos, rapidamente, tiveram seus perfis nas redes sociais invadidos por milhões de seguidores, provando que aparecer na Globo ainda é um poderoso propulsor para a fama.

Adicionalmente, tem a pandemia do novo coronavírus e o fato de milhões de brasileiros estarem todos os dias da semana em casa. Pessoas que estariam no trabalho, faculdade, bares, jogando futebol com os amigos e amigas ou correndo pelas ruas da cidade, agora, têm mais tempo para assistir ao reality show.

Se, desde a décima edição do programa, a Globo não conseguia finalizar uma temporada do BBB com uma média no Ibope acima dos 30 pontos, o BBB 20 pode ser a chance de a emissora obter resultados mais satisfatórios. No mínimo, crescer e deixar para trás o recorde negativo da edição passada, que teve a menor audiência da história do programa, com média de 20 pontos.

E depois, voltaremos aos cinemas, aos teatros aos shows?

Acredito que sim! E mais, vamos valorizar mais cada espetáculo, cada evento, cada companhia e ainda vamos lembrar que temos a nossa televisão nos esperando se quisermos voltar mais cedo para casa.

*Quando você estiver lendo este texto, o arquiteto Felipe Prior já pode ter sido eliminado, pois foi um dos emparedados da terça (31).

Angelo Binder é jornalista, diretor da Comando News, gosta da história da TV e mídias, cicloativista, maratonista e pai da Carol, da Gabi e do Snoopy. Passou por redações da Gazeta do Povo, Tribuna do Paraná e Revista O2.  Instagram: @angelobinder1

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