Com o avanço do número de casos contaminação pelo vírus COVID-19 (Coronavírus), é necessário que mudemos radicalmente os nossos hábitos e como nos relacionamos. Para evitar que o vírus se alastre ainda mais, os órgãos oficiais de saúde determinaram o interrompimento de quaisquer atividades com aglomeração de pessoas, recomendam que os cidadãos façam um período de quarentena e saiam de suas casas apenas quando for extremamente necessário. Com isso, grandes festivais foram cancelados, casas de show e teatro foram fechados

A cultura, bem como outros setores da economia, será grandemente afetada, uma vez que os artistas dependem do público. Devido à instabilidade da área, são poucos os artistas que conseguem guardar dinheiro. “Vai ser difícil fechar a conta. O setor cultural não tem fartura de indicadores. É um cenário sem precedentes, pode haver o empobrecimento geral. Mas as recomendações de isolamento devem ser respeitadas. Quanto mais rápido a população aderir, mais rápido sairemos. Precisamos ter serenidade e seguir as orientações”, afirma Nichollas Alem, do Instituto de Direito, Economia Criativa e Artes.

Durante esse período, o volume de acessos aos streaming de vídeo deve crescer muito, embora especialistas afirmem que ainda não é possível mensurar esse aumento. Sem poder se apresentar no palco, próximo ao público, muitos artistas estão fazendo performances em plataformas digitais para tentar ter alguma receita nesse período e, principalmente, para entreter as pessoas em confinamento. “Esse é um momento no qual as pessoas precisarão se reinventar. Estamos vivendo uma época de quebra de paradigmas e de aprendizado. Nunca a tecnologia esteve tão boa e tão acessível e os artistas precisam se adaptar a este cenário. Nesse processo de aprendizado, muitos artistas podem se aliar a tecnologia e ver que, num cenário pós coronavírus, pode ser um canal efetivo para se manter em contato com o público e atrair plateia para os espetáculos”, comenta Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação.

A jornalista e produtora cultural Renata Oliveira, fará com seus artistas Verdec e Carol Faria, lives para levar cultura e diversão para as pessoas em casa. “A situação atual é crítica em todos os sentidos, e no mundo todo. Essa pandemia compromete e força uma mudança de comportamento de toda a sociedade. Precisamos nos isolar fisicamente, mas podemos criar alternativas de nos unir virtualmente e utilizar a tecnologia e a arte a nosso favor. Para que os dias, que são preocupantes, fiquem mais leves, a gente teve a ideia de levar cultura e entretenimento, especialmente aos finais de semana, para as pessoas que estão em distanciamento social. A gente entende que neste momento é necessário cuidar da saúde corpo e da mente, e a arte pode contribuir muito com isso”, diz.

Muitos artistas dependerão da empatia e colaboração virtual durante o período de reclusão. Este é, principalmente, um momento de praticar a empatia. Ninguém estava preparado para essa situação e nem todos têm a possibilidade de trabalhar em home office. Precisamos nos ajudar!

“Neste momento de isolamento seremos ‘consolados’ e acompanhados pela cultura. Uma forma da população apoiar, é prestigiar as apresentações online, curtir, compartilhar e divulgar. Aos que puderem, contribuir em campanhas de financiamento coletivo, com compras online, compreendendo o adiamento de shows e de outros eventos e esperando a remarcação de datas sem exigir reembolso imediato, etc. A área vai precisar de tempo para se reestruturar e reorganizar”, aconselha Rachel Coelho, produtora cultural de Maringá (PR).

O Jornal O Globo lançou o Festival #TamoJunto, com 32 pocket shows ao vivo, de sexta a domingo (20 a 22 de março), com transmissões de lives de grandes nomes da nossa música. Já estão confirmados Mallu Magalhães, Adriana Calcanhotto, Nego do Borel, Martinho da Vila e Di Ferrero, entre outros. Os shows vão ser transmitidos ao vivo nas contas de Instagram de cada artista e nas redes sociais do O Globo.

A Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo acaba de anunciar o lançamento do programa Cultura Presente, que destinará R$ 103 milhões para tentar reduzir os impactos financeiros ao setor. Além disso, está propondo o festival Janelas de São Paulo, que destacará a onipresença da cultura em seu poder de promover a união e a empatia em um momento difícil. De janelas e sacadas, artistas farão apresentações musicais com disponibilização dos conteúdos on-line. Essa ação ajudará a enfrentarmos o Covid-19 com arte. E, ao mesmo tempo, servirá de amparo para a classe artística afetada neste momento. Os editais já estão com inscrições abertas.

Na página oficial da Secretaria Especial de Cultura foi publicado um comunicado que orienta todos os produtores culturais que utilizam recursos provenientes da Lei de Incentivo à Cultura documentem todas as ações neste momento que impeçam a execução do projeto tal qual foi aprovado. Membros da pasta informaram que a secretária Regina Duarte tem externado sua preocupação com o setor nesse período e está buscando mecanismos para ajudar para amenizar as perdas do setor. “Eu sei como é depender do público, eu estive nessa mesma posição e consigo imaginar o desespero desses artistas”, externou.

Nesse momento precisamos nos unir. O Matraca Cutural ratifica a necessidade de que todos evitem sair de casa. Consumam cultura nesse período! Leiam livros, assistam filmes e séries, dancem, ouçam música, prestigiem as apresentações online. Se possível, ajude os artistas. Não deixe de pagar sua escola de dança. Tenha paciência, não peça agora o reembolso de shows cancelados. Não deixe de pagar os prestadores de serviço que dependem de você. Sejam empáticos. Liguem para seus amigos e familiares. Conversem.

Acompanhe seus artistas favoritos nas redes sociais para verificar se ele também fará apresentações. A cultura nos acalentará nesse período de reclusão. Juntos somos mais fortes.

Confiram dicas de especialistas:

  • Camila Coelho – especialista em Medicina Tradicional Chinesa

“É importante que as pessoas entendam que o esforço é coletivo e não motivo para desespero. O estresse psicológico desregula o nosso sistema imunológico levando à consequências como ansiedade e em casos mais graves depressão
É necessário um movimento de virada de chave onde as “oportunidades” durante esse período sejam encaradas como um desafio deixando assim de lado o medo e a insegurança”

Algumas dicas:

  • Analise as informações que chegam até você
  • Não se coloque em posição de vítima
  • Foque seu pensamento para o momento de agora
  • Cuide do seu sono, exercício e alimentação
  • Organize sua nova rotina
  • Use o tempo livre para fazer algo que te dê prazer
  • Carla Gutschov , gerontologa
    “Os nossos idosos são os que correm maior risco. Toda vez que a gente pensar em sair de casa, em usar uma máscara sem necessidade (ou não usando-a corretamente), quando esquecermos de higienizar as mão, estamos colocando os nossos idosos em risco. Podemos perder nossos pais e avós nessa pandemia. Cada um tem que fazer a sua parte. Se ofereça para ajudar os idosos do seu bairro. Não adianta usar máscara e fazer estoques de álcool em gel se você não fica em casa. É um esforço momentâneo, porém necessário. O momento não é para ter pânico e sim para ter mais cuidado. Faça a sua parte”.

About The Author

Antonio Saturnino

Jornalista, atleta frustrado, cantor de karaokê e pai de pets. Ama música e escrever sobre o tema durante anos lhe permitiu conhecer novos cantores e estilos musicais, então vocês verão muita coisa diferente e nova por aqui. Dança no meio da rua, adora cozinhar e estar em conexão com a natureza.

Related Posts

One Response

Leave a Reply

Your email address will not be published.