Redação e fotos: Natalia Fujita

No final do ano passado, o show do cantor Jay B (líder do grupo GOT7) não só comprovou o gosto do público brasileiro por K-POP, mas também marcou mais um anúncio da produtora NoiX Entertainment. Na ocasião, fo anunciada a passagem da ‘NEO CITY – THE LINK’ pela capital paulistana, turnê do grande fenômeno do K-POP: o NCT 127. O grupo se apresentou nos dias 18, 19 e 20 último, na Vibra São Paulo.

Mesmo após três dias seguidos de show, na sexta-feira, Taeyong, Taeil, Johnny, Yuta, Doyoung, Jaehyun, Jungwoo e Mark não deixaram o cansaço transparecer, já começando de forma intensa com a sequência das músicas “Kick it” (2020), “Lemonade” (2021) e “Cherry Bomb” (2017). A missão parece ter sido cumprida com a escolha dessas três canções para abrir a apresentação, pois já garantiu que a energia dos NCTzens  nome oficial dos fãs do grupo, começasse no auge, com a plateia encantada por presenciar ao vivo passos de danças e trechos de músicas já consideradas icônicas.

O que ficou muito claro com o repertório do show é que não importa se o ritmo é mais agitado ou mais lento, o NCT 127 mantém sua essência em qualquer música. Entre a discografia do grupo, é possível notar que eles não têm medo de explorar desde batidas eletrônicas diferenciadas até fazer uso de sons considerados inusitados, como as buzinas de carros antigos em “2Baddies” (2022), a flauta estridente em “Sticker” (2021), o assobio em “Favorite (Vampire)” (2021), o barulho de telefone discando em “Back to You (AM 01:27)” (2017) ou mesmo o barulho de elevador em “Elevator (127F)” (2020). Isso acontece porque o conceito de “Neoculture Technology”, que é o significado por trás do nome NCT, também tem relação com um universo futurístico, globalizado e de música experimental.

Mas o grupo não é feito apenas de produções mais ousadas. Ao longo do show, as canções “Dreamer” (2021), “Love Song” (2020), “Highway to heaven” (2019), “Focus” (2021) e “The Rainy Night” (2021) valorizaram ainda mais os vocais potentes, em especial, dos membros Taeil, Doyoung, Jungwoo, Jaehyun e Haechan, sendo que este último não pôde estar presente de forma física na turnê pelas Américas por questões de saúde. O que chamou atenção membro é que ele seguiu sendo representado ao longo das apresentações, com um espaço deixado por seus companheiros de grupo na posição em que ele deveria ocupar no palco e com gravações de suas performances sendo exibidas no telão em todas as ocasiões em que era sua vez de cantar.

Ainda na ideia de valorizar os diversos talentos que compõe o grupo, foram preparadas apresentações exclusivas para a turnê, em que cada idol (como são chamados os artistas de K-POP) ressaltam suas especialidades individualmente. Enquanto Doyoung, Taeil e Jaehyun soltaram a voz e mostraram seu alcance vocal, Mark e Taeyong apresentaram raps energéticos. Já Johnny, Yuta e Jungwoo mostraram que dominam diferentes danças. “Amo ver o entrosamento deles em grupo, mas as performances solos são legais exatamente porque permitem que o artista seja visto de forma individual, ou seja, ele consegue apresentar para nós algo que transmite muito mais da sua personalidade e do estilo de arte que ele mais se identifica”, comentou uma fã presente no show.

Apesar de distantes fisicamente, a conexão entre Brasil e NCT 127 já existia antes mesmo do anúncio da vinda do grupo ao país. Além da paixão declarada dos membros Yuta e Jungwoo por futebol e menções a ídolos brasileiros do esporte, entre os sons mais intensos e eletrônicos, a música Faster  traz um apito em um de seus trechos. O som estridente do instrumento de sopro assume um ritmo de que desperta no brasileiro um sentimento de familiaridade e que remete a temas considerados muito nacionais, como carnaval, futebol, rodas de samba e verão tropical.

Finalizar o show com as músicas “Dream come true” e “Promise You”, cujas melodias são animadas, mas trazem tons um pouco mais melancólicos, parece formar a narrativa perfeita para uma despedida agridoce. Com falas carismáticas de agradecimento e cheias de tentativas bem-sucedidas de pronunciar palavras em português, que aprenderam e treinaram ao longo dos três dias de show, o NCT 127 finaliza sua passagem pelo Brasil com a promessa de um reencontro, em um espaço maior e com a formação completa. 

Durante e depois do período pandêmico, a internet comprovou por relatos o aumento da xenofobia contra pessoas amarelas. Remando contra essa maré de preconceito, a onda coreana (chamada de Hallyu), que já ganhava espaço nos anos anteriores, alcançou ainda mais as TVs, maquiagens, aplicativos de música e corações do público brasileiro. Um excelente exemplo disso é o NCT 127, que é um dos principais grupos atuais na Coréia do Sul e seu sucesso parece estar ultrapassando as barreiras culturais e geográficas. As filas e os gritos ensurdecedores da plateia, que não teve medo de arriscar cantar mesmo os trechos em coreano, confirmam isso, nos relembrando como a música une o mundo. Pode ser uma forma muito eficiente de exportar a cultura de um lugar para o resto do planeta e, consequentemente, ajudar a quebrar certos estereótipos.

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Matraca Cultural

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