As últimas semanas foram duras para os grandes lançamentos Hollywodianos. X-men: Fenix Negra, Godzilla O Rei dos Monstros, Alladin, Brightburn e até mesmo Detetive Pikachu tiveram repercussão abaixo de esperado. Muitas críticas consideraram esses filmes ruins. Mas, o que é que faz um filme ruim? Só porque os críticos rechaçam um filme não significa que não será um sucesso de bilheteria. Certo Aladdin? E, da mesma forma, só porque os críticos amam um filme não significa que será um triunfo comercial. Certo Blade Runner 2049?

É difícil identificar exatamente como os filmes ruins são criados. Certamente, não é intencional: ninguém tenta produzir um filme na esperança de que só faça US$ 126 (sim, 126, não 126 mil) no seu fim de semana de abertura, como Billionaire Boys Club, último filme estrelado por Kevin Spacey. Ainda assim filmes “ruins” são feitos o tempo todo. Isso pode acontecer por várias razões.  Às vezes o cineasta está preso a um roteiro ruim ou atores fora de tom; outras vezes enfrenta problemas de produção, talvez a equipe de efeitos especiais seja novata, ou um cronograma de filmagem curto leva a produção à uma enorme bagunça.

Um fenômeno interessante é o filme “tão ruim, que deu a volta e ficou bom”. Esta é uma frase frequentemente usada para descrever filmes que são claramente terríveis, mas a sua forma única de ruindade acrescenta uma qualidade agradável e interessante ao mau filme. Podemos descrever certos filmes como The RoomBirdemic, e Sharknado nessa categoria. Mas o que é tão divertido e agradável sobre esses filmes enquanto outros filmes ruins acabam irritando ou se tornam entediantes?

Muitos filmes tentam almejar a grandeza, além da sua capacidade e experiência. Foi o que aconteceu com The Room. O diretor, ator, produtor e escritor do filme, Tommy Wiseau parece ter tentado fazer um drama com todos os aspectos sérios que compõem a maioria dos dramas respeitáveis em Hollywood. Música dramática, protagonista apaixonado e uma atuação emocional intensa. No entanto, o ritmo bizarro e a atuação inusitada de Wiseau tornam o filme mais engraçado do que dramático, mas também dá ao filme uma espécie de qualidade cativante. Atenção especial para a cena interminável de sexo do filme!

Outro aspecto de um filme “tão ruim que é bom” são os níveis hilários de incompetência quando se trata do aspecto técnico do cinema. Coisas como iluminação, enquadramento, edição de som, atuação e efeitos especiais são tão ruins que você não pode deixar de rir. Essas são as qualidades que tornaram Birdemic tão divertido. Claro que o filme tem atuação hilariante, rígida ao ponto de as essas pessoas nem sequer parecerem como seres humanos. Mas o trabalho de câmera, a iluminação e a edição de som têm qualidade inferior a muitos filmes feitos por estudantes em início de faculdade. O efeito especial dos pássaros, na forma como eles mergulham e explodem com o impacto é uma das coisas mais icônicas do filme.

Pássaros explodindo me leva ao próximo aspecto dos “filmes tão ruins que são bons”: ideias e conceitos que são tão absurdos que fazem o filme memorável.  A produtora americana Asylum praticamente dominou esse mercado sendo um dos seus filmes mais populares Sharknado. O conceito do filme é simples. Tornados cheios de tubarões atingem uma cidade e atacam as pessoas de maneira hilária. Você também pode aproveitar o espetáculo e ver nossos heróis matarem os tubarões de maneira exagerada (como pular no meio do tornado com uma serra elétrica). A lista de franquias da Asylum é incrível, eles são responsáveis por várias produções do canal SyFY inclusive a série Z-Nation. Falando em zumbis, a Asylum também produziu um filme chamado Dead 7: Larger than Life, no qual os rapazes dos Backstreet Boys se juntam aos garotos do N’Sync no velho oeste para lutar contra zumbis. Sim, eu juro que esse filme existe!

Enfim, estas são apenas algumas das razões pelas quais alguns filmes ruins se tornam clássicos agradáveis. Não existe uma fórmula distinta para fazer um filme “tão ruim que é bom”, e é exatamente isto que os torna tão misteriosos e únicos. O prazer do filme é realmente subjetivo e o que é ruim para uma pessoa pode ser bom para outra pessoa.

About The Author

Matraca Cultural

Cultura é entretenimento, é reflexão. Ela está presente em todas as nações, nas grandes revoluções, nas periferias e nos momentos de repressão. Ela está na rima do rap, no drama teatral, no movimento da dança, nas vidas da tela do cinema, nos contos fantasiosos de livros e em diversas manifestações humanas. Matraca Cutural é boca aberta para a música, dança, teatro, exposições, cinema e mostras e usa a cultura como vetor de transformação, de respeito às diferenças e importantes reflexões.

Related Posts

Leave a Reply

Your email address will not be published.