Levou apenas 11 anos e 21 filmes, mas a Marvel Studios finalmente apresenta uma protagonista mulher em um dos seus filmes de super-heróis semestrais. Cirurgicamente programado para estrear nos cinemas no Dia Internacional da Mulher, “Capitã Marvel” vem com o objetivo de ser um ícone feminino. E como falar de feminismo hoje em dia sem criar confusão, não é mesmo?

Em entrevista a ganhadora do Oscar e interprete da Capitã, Brie Larson, defendeu mais diversidade no seu tour de imprensa, ao observar que seus principais entrevistadores eram homens brancos. Para destacar seu ponto, Larson fez referência à péssima recepção das críticas para o filme “Uma Dobra no Tempo” (2018).

“Eu não preciso de um cara branco de 40 anos para me dizer o que não funcionou em ‘Uma Dobra do Tempo'”, disse Larson. “Não foi feito para ele! Eu quero saber o que isso significa para mulheres negras, mulheres birraciais, para mulheres adolescentes negras”. A declaração foi mal recebida por parte dos fãs da Marvel, que, vejam só, é formada majoritariamente por caras brancos de meia idade.

Três semanas antes do lançamento do Capitão Marvel, a página do filme da Capitã Marvel no Rotten Tomatoes, foi bombardeada com críticas negativas dos usuários que nunca viram o filme, e derrubaram a pontuação do filme no site para menos de 30%, o que significa que o filme é “ruim”. A maioria das críticas negativas miravam a estrela do filme, Brie Larson, e sua suposta mensagem de empoderamento feminino.  “Você não poderia me pagar para ver esse filme de uma feminista que odeia homens brancos.” comentou um usuário. “Estou farto dessa política de identidade, Brie Larson deveria ser atropelada por um ônibus”. Este comentário, e outros como ele, já foram removidos pelo Rotten Tomatoes, que tem a prática de remover avaliações ofensivas. Algo similar ocorreu com “Pantera Negra”, “Os Últimos Jedi”, e “Caça Fantasmas” (2016), todos filmes, de certa forma, representativos.

Nunca houve expectativa de que “Capitã Marvel” correspondesse aos resultados monumentais do fenômeno cultural e da bilheteria de “Pantera Negra” do ano passado, que faturou US $ 1,3 bilhão em todo o mundo. Até por que a comparação é injusta. Pantera Negra é pioneiro na sua jornada de representatividade cultural, enquanto Capitã Marvel, como ícone feminino vem atrasada atrás do sucesso de Mulher Maravilha da rival Warner Brothers.

De qualquer forma, a situação colocou a equipe de marketing do filme em modo de controle de danos. A Marvel lançou uma declaração na qual afirma que: “espera que o filme atrairá vários eleitorados, não apenas fãs do personagem e mulheres que querem assistir filmes liderados por mulheres, mas também os tradicionais fãs da Marvel que querem ver como ele se liga à próxima batalha da Marvel, ‘Vingadores: Ultimato’, que estreia em 26 de abril.”

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