Artigo enviado pelo Produtor Audiovisual Jo Rauen

Sempre destaque da temporada de premiações, o Oscar deste ano foi cheio de surpresas em várias das principais categorias. Não houve apostas seguras quando se tratava dos vencedores do Oscar deste ano. “Green Book” foi premiado como Melhor Filme, destronando os favoritos da crítica; Rami Malek continuou forte na sua temporada de premiações levando para casa a estátua de Melhor Ator, apesar da forte concorrência de Christian Bale; e Olivia Coleman surpreendentemente recebeu o prêmio de Melhor Atriz, vencendo sua ídola Glenn Close, e de quebra, ainda entregou o melhor discurso da noite.

O movimento dos anos anteriores #OscarsSoWhite definitivamente surtiu efeito. Dois atores negros, Mahershala Ali e Regina King, venceram nas categorias de Atores Coadjuvantes e Spike Lee, o lendário diretor de “Faça a Coisa Certa”, ganhou sua primeira estatueta por co-escrever “Infiltrado na Klan”. Ruth Carter de “Pantera Negra” tornou-se a primeira mulher negra a ganhar um Oscar de figurino, enquanto sua colega Hannah Beachler é a primeira negra a ganhar um Oscar de Design de Produção. Aliás, “Pantera Negra” tornou-se o primeiro filme de quadrinhos a conseguir uma indicação na categoria de Melhor Filme e apesar de ter perdido nesta categoria, se saiu muito bem levando três estatuetas: Trilha Sonora Original, Figurino e Direção de Arte. E “Homem-Aranha: No Aranhaverso” venceu como Melhor Filme de Animação, em uma versão onde o herói é um garoto negro e hispânico.

Lady Gaga, naturalmente, levou o Oscar de Melhor Canção Original, e na sua apresentação da noite, mostrou a que veio. Nem mesmo a lendária banda Queen e Adam Lambert que abriram a noite cantando “We Will Rock You” e “We Are the Champions”, com direito a máquinas de fumaça e luzes em cascata, foram páreos para a performance intimista de Lady Gaga e Bradley Cooper e sua canção Shallow de “Nasce uma Estrela”.

A maior surpresa da noite, porém, foi o Oscar de Melhor filme que acabou nas mãos dos realizadores de “Green Book” derrotando uma série de adversários formidáveis. Incluindo “Roma”, da Netflix, um drama preto e branco adorado pela crítica que gastou mais de 25 milhões de dólares somente em sua campanha pelo Oscar. Não que “Roma” fosse para casa de mãos vazias, já que o drama mexicano ganhou o prêmio de Melhor Diretor e Melhor Fotografia, e Melhor Filme Estrangeiro para Alfonso Cuaron.

Assim que o Green Book foi anunciado como Melhor Filme, Spike Lee não fez nenhuma tentativa de esconder sua indignação. O também concorria ao prêmio principal, pôde ser visto ficando de pé e jogando as mãos para o alto e então tentou sair tempestuosamente do Teatro Dolby enquanto o elenco e a equipe de Green Book subiram ao palco, mas foi detido pela segurança na porta. Ele então ficou na saída até o discurso terminar antes de ir para a área dos bastidores, onde ele zombou do vencedor do prêmio em entrevistas na imprensa. Certamente se a cerimônia do Oscar fosse um filme, seria um drama.

_______________________________________________________________________________

Jo Rauen é  produtor audiovisual e está à frente da produtora Island Bridge com sede em Florianópolis (SC) e Nova Iorque (EUA). Além de ter sido a primeira produtora brasileira a assinar uma série para Amazon Prime USA, a empresa agora trabalha ao lado da  paulista Black Filmes para recontar a trajetória do nadador Daniel Dias.

About The Author

Matraca Cultural

Cultura é entretenimento, é reflexão. Ela está presente em todas as nações, nas grandes revoluções, nas periferias e nos momentos de repressão. Ela está na rima do rap, no drama teatral, no movimento da dança, nas vidas da tela do cinema, nos contos fantasiosos de livros e em diversas manifestações humanas. Matraca Cutural é boca aberta para a música, dança, teatro, exposições, cinema e mostras e usa a cultura como vetor de transformação, de respeito às diferenças e importantes reflexões.

Related Posts

Leave a Reply

Your email address will not be published.