País que mais mata pessoas trans no mundo segundo dados da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), o Brasil apresenta um cenário alarmante de discriminação, que necessita ser combatido com urgência, afinal se trata de um problema presente nas mais diversas vertentes da sociedade, como no mercado de trabalho. De acordo com o Mapeamento de Pessoas Trans na Cidade de São Paulo, por exemplo, 58% dos entrevistados – incluindo mulheres e homens trans, travestis e pessoas não-binárias – realizam trabalho informal ou autônomo, com curta duração e sem contrato. Essa é a segunda fase do estudo, divulgado em junho de 2021, que envolveu 1788 entrevistados e foi realizado pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) junto à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo.

A partir desses dados, percebemos a necessidade de avançarmos e de eliminarmos barreiras que impedem a ascensão profissional da comunidade LGBTQIA+. Pensando nisso, no dia 6 de outubro, a partir das 19h30, a FAEP (Faculdade de Educação Paulistana) convida-nos a refletir e a discutir acerca do tema “Diversidade sob a perspectiva de identidade de gênero e os desafios no mercado de trabalho”, por meio de um bate-papo online com profissionais de grande representatividade, como:

Neon: mulher negra, ameríndia e transgênera, questionadora da branquitude e cisgeneridade tóxicas. Aos 51 anos, ela é uma das mais reconhecidas vozes da despatologização das identidades trans no Brasil e primeira mulher trans a denunciar violências na OEA (Organização dos Estados Americanos). Integra diversas iniciativas e espaços como ativista independente, dentre elas a Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, e como patrona da Casa Neon Cunha, espaço de acolhimento LGBTQIA+ do ABC Paulista.

T. Angel: trans não-binária, mestranda em Educação, com graduação em História e especialização em Educação Inclusiva.  É artista da performance, ativista pelos direitos humanos e dos animais, trabalha com educação pública na periferia de Osasco. Há duas décadas pesquisa a modificação corporal e diferentes usos do corpo, seus estudos estão disponíveis na plataforma eletrônica FRRRKguys (2006), no livro A Modificação Corporal no Brasil: 1980-1990 (Editora CRV, 2015) e na websérie Sauntering (2016). Nos últimos anos tem feito palestras sobre a questão da educação, dissidências, direitos humanos e da natureza.

Junior Carvalho: formado em Relações Internacionais pela Belas Artes São Paulo e pós-graduado em Comunicação e Marketing pela Universidade de São Paulo, integra o time de Curadoria e Conteúdo do Grupo Vegas (Cine Joia, Altar e Bar dos Arcos) e coordena a frente de Projetos/Parcerias e Empregabilidade na Casa 1 (República de Acolhida, Centro Cultural e Clínica Social LGBT).

Além dos entraves no mercado de trabalho, a população trans também enfrenta barreiras no setor educacional, essencial para qualificação e ingresso no mercado profissional. De acordo com dados divulgados pela Antra em 2018, apenas 0,02% de travestis e transexuais estavam na universidade, 72% não possuíam ensino médio e 56% não completaram o ensino fundamental.

Ciente disso, Vânia Aparecida da Costa, diretora da FAEP, pretende fazer parcerias para oferecer bolsas de estudo a pessoas trans. No entanto, Vania ressalta que, como muitas ainda não concluíram o ensino médio, a instituição também tem o intuito de oferecer formação escolar a elas. Para isso, ela pretende atendê-las por meio da parceria que a FAEP possui com o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Portanto, por meio dessas ações, a instituição busca dar voz e vez à população trans em um cenário que precisa ser mudado para melhor.

Serviço:

Palestras sobre empregabilidade trans promovidas pela FAEP

Dia 6 de outubro, a partir das 19h30

Plataforma Google Meet

Inscrições pelo Sympla, clique aqui

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