Plataformas digitais para consumo de livros ganham cada vez mais força diante da crise das livrarias

 

Nos últimos meses, diversas notícias sobre a crise das livrarias têm sido publicadas. A situação é tão grave que grandes redes, como a Saraiva e Cultura, fecharam diversas lojas ou entraram com pedido de recuperação judicial. De acordo com relatório da GfK e a Associação Nacional de Livrarias (ANL), divulgado em abril deste ano, o faturamento da comercialização de livros teve uma queda de 19,9% até a data do comunicado, o que representa uma redução de 16 milhões unidades para 12,2 milhões em comparação ao mesmo período de 2018.

Diante desse cenário, os meios digitais têm ganhado cada vez mais força. De acordo com Eduardo Villela, Book Advisor que atua, desde 2004, com escrita e publicação de livros, esse formato cumpre um papel importante na fomentação da leitura. “Plataformas como Wattpad, Kindle, Kobo, Lev Saraiva e outras ajudam a fortalecer o hábito de ler. É possível comprar o e-book e mergulhar no mundo da literatura de forma muito rápida e imediata, sem precisar ir até uma livraria ou esperar alguns dias até que a entrega do livro seja feita quando é adquirido pela internet. Além disso, o preço é até 30% mais barato que a versão impressa”, comenta.

O audiolivro também tem se tornado cada vez mais popular, por ser um facilitador diante da carência de tempo da sociedade. Esse formato é uma maneira de consumir livros sem precisar parar para ler e também facilita o acesso de deficientes visuais à literatura. “Essas plataformas já estão bem maduras. A Amazon e o Spotify têm investido pesado nesse formato e isso nos dá uma ideia da sua relevância e de como o acesso é substancial”, afirma Arthur Igreja, professor da FGV e especialista em Tecnologia e Inovação.

Recentemente foi lançado o Esens, um app que sintetiza a mensagem principal de obras em áudios de até 15 minutos. Ele chegou ao mercado com 50 títulos de diversas categorias e o objetivo é terminar 2019 com 400 livros disponíveis. Esse formato ainda divide opiniões. Enquanto há especialistas que veem como positivo, por acreditar que ajuda as pessoas a decidirem quais livros vão ler, há quem seja contrário pelo fato de que o resumo e os pontos de destaques de cada obra são algo muito particular.

O livro em papel, porém, não deve desaparecer por completo. Durante muito tempo, o impresso e o digital devem “conviver”. Em muitos casos, quando a pessoa gosta do que consome pelas plataformas online, ela compra a versão impressa. Isso porque o livro em papel cria um vínculo especial e afetivo do leitor com determinada obra.  

O que é consenso, porém, é que todas as formas de fomento à leitura são positivas. “Um ponto fundamental nessa história toda, a meu ver, tem ligação direta com o fato de que os brasileiros ainda estão adquirindo o hábito de ler. Em um país como o nosso, todas as iniciativas que aproximem as pessoas dos livros merecem ser valorizadas. Um grande desafio ao crescimento do número de leitores é a necessidade urgente de melhoria da qualidade do ensino fundamental na rede pública de ensino, pois as escolas têm um peso fundamental na construção do hábito de leitura das crianças”, finaliza Eduardo Villela.

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Antonio Saturnino

Jornalista, atleta frustrado, cantor de karaokê e pai de pets. Ama música e escrever sobre o tema durante anos lhe permitiu conhecer novos cantores e estilos musicais, então vocês verão muita coisa diferente e nova por aqui. Dança no meio da rua, adora cozinhar e estar em conexão com a natureza.

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