Situação da Livraria Cultura e a necessidade de se atualizar Matraca Cultural outubro 6, 2020 OPINIÃO *Por David Johny A livraria Cultura, um ícone que marcou gerações de leitores com o encanto de suas belas lojas repletas de obras, hoje está à beira da falência. O motivo não foi simplesmente a pandemia do novo coronavírus, a crise econômica ou falta de público leitor. O problema foi se colocar à margem. Ela resistiu às mudanças e automaticamente não se adaptou, por isso ficou fora do jogo.Assim como a Kodak, outra grande empresa que desapareceu por não se enquadrar nos novos modelos, devido a problemas de gestão. A Kodak era o maior nome da fotografia, oferecendo máquinas fotográficas e filmes de última geração. Até que surgiram as máquinas digitais e, posteriormente, os smartphones. A marca desapareceu do mercado e as crianças de hoje não sabem mais o que significa ter uma Kodak. Isso aconteceu porque ela não acompanhou as tendências do mercado com inovação e tecnologia. Está claro que há empresas que não se renovam, não acompanham as novas linhas mercadológicas e acabam não resistindo. A maior concorrente da Livraria Cultura era a Amazon, empresa 100% online que atingiu níveis mundiais e enorme valor de mercado. Enquanto isso, a Cultura preferiu continuar focada em seu modelo de lojas físicas, mesmo em meio às mudanças de comportamento dos consumidores, que preferem cada vez mais comprar pela internet e receber em casa. No mundo dos negócios existem regras do jogo que são muito claras e óbvias, mas às vezes, por questão de acomodação e cultura da empresa, é difícil de inovar, pois são pilares construídos há anos, mas é preciso entender que mudar é um mal necessário. Uma premissa básica é sempre ouvir os clientes, observar os comportamentos de compra e, ao ver que outras empresas do mesmo ramo estão tendo resultados mais positivos, é o momento de descobrir o que estão fazendo diferente e inovar. Se um modelo de negócio diferente do meu está dando certo, o que tenho que fazer para competir é me adaptar ao jogo. No caso da Cultura, a pandemia apenas abreviou o fim, que aconteceria cedo ou tarde. A dica é prestar atenção nos principais pilares: gestão, finanças e venda. Se um não estiver bem, derruba a estrutura. O modelo de negócio deve estar sempre atualizado, saber reduzir custos com eficiência e não deixar de oferecer que o cliente precisa. David Johny é consultor em empreendedorismo e marketing digital