Espetáculo promove a visibilidade lésbica por meio do teatro, da música e da palhaçaria

Foto: Bruno Nogueira

Quem for ao SESC Santana, a partir desta quinta (15/09), terá a oportunidade de vivenciar uma experiência diferenciada ao embarcar, juntamente com um bando de super-heróinas, em uma missão inusitada, apresentada em uma peça que visa trazer questões voltadas para as especificidades e urgências do universo lésbico. Que missão é essa? A plateia irá descobrir no decorrer do espetáculo tragicômico Las Tortas, idealizado e concebido pelo projeto Tortas Trincheiras – do Núcleo Absurda Confraria – formado pelo casal de palhaças e atrizes lésbicas Angélica Müller e Daniela Biancardi.

A peça narra as aventuras do Clã de Las Tortas, um grupo de super-heróinas lésbicas que precisará se deslocar da apartada ilha onde vivem – em uma galáxia muito distante – e cumprir uma árdua e arriscada missão. Seguindo as orientações da Gran Lesbo Mestra, elas enfrentarão desafios, inimigos e fracassos inimagináveis na tentativa de compreender qual é o seu verdadeiro propósito no mundo.

“A obra é, estruturalmente, permeada por um repertório musical paródico que historiciza a presença das mulheres lésbicas na música brasileira e aborda de forma tragicômica questões intrínsecas ao cotidiano e aos desafios da comunidade lésbica”, afirma Angélica Müller, que também é arte-educadora, produtora e articuladora cultural. Ela ressalta que a peça busca ampliar horizontes sobre a realidade de um processo histórico que, por séculos, invisibilizou a mulher lésbica em uma sociedade construída sobre os pilares da heteronormatividade e da misoginia. 

O nome da tragicomédia, inclusive, faz referência ao termo espanhol torta, utilizado para se referir à mulher lésbica em diversos países da América Latina, cujo correspondente, em português, seria “sapatão”.

Com um elenco inteiramente composto por mulheres lésbicas, a peça, segundo Müller, é fruto de um trabalho construído por meio da fusão de linguagens da música, da comédia física, da mímica, da palhaçaria e do audiovisual. “Por meio do espetáculo, nós vamos parodiar e brincar com o universo de super-heróis, a partir de referências de heróis presentes em nosso imaginário”, completa.

Sobre o projeto Tortas Trincheiras

Pertencente ao Núcleo Absurda Confraria, o projeto Tortas Trincheiras trata-se de uma frente direcionada à projetos de cunho LGBTQIAP+, feministas e relacionados à temáticas e ações sociais – Tortas Trincheiras tem coordenação artística de Daniela Biancardi e Angélica Müller. Suas pesquisas e linguagens têm como base a comédia física, circo, teatro da máscara, palhaçaria, improviso, performance, música ao vivo e flexibilização para espaços não edificados ao palco.

A Cia. prioriza projetos com enfoque à temática feminista e LGBTIQAP+, às populações e regiões em situação de vulnerabilidade social, bem como à geração de recursos, ações e programas de produção colaborativa e incentivo a jovens artistas e agentes culturais desejosos de potencializar seu território e atuar em parceria ao Núcleo.

Tortas Trincheiras surge dentro do Núcleo Absurda Confraria no ano de 2018, quando Angélica e Daniela foram convidadas pelo projeto Boteco da Diversidade – Visibilidade Lésbica do SESC Pompéia a criar o número O Passo de Duas. O número, que se estruturou pelas linguagens da mímica e da palhaçaria, trouxe uma abordagem sobre o cerceamento e as fronteiras sociais da mulher lésbica, partindo da perspectiva de um casal de palhaças.

Com a estreia do número, suas criadoras foram convidadas a apresentá-lo em diversos eventos e festivais, com destaque para abrir o 1º Encuentro Latinoamericano de Circo LGBTI+ em Montevidéu, no Uruguai, entre muitas outras apresentações.

Após a realização de outros espetáculos, em 2021, a companhia idealiza e coordena o projeto do espetáculo Las Tortas. “A obra estreou como filme, durante a pandemia, e agora ganha sua versão presencial, em uma parceria com o SESC Santana”, explica Angélica.

Em cartaz no SESC Santana, o espetáculo Las Tortas será apresentado nos dias 15, 16, 17, 18, 24 e 25 de setembro, e se revela uma obra essencial de conscientização e reflexão sobre a questão da visibilidade lésbica. O tema, inclusive, é celebrado no Brasil em 29 de agosto como o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data foi criada no ano de 1996 com o intuito de combater a lesbofobia, ou seja, o preconceito contra as mulheres lésbicas, reforçando a importância de uma luta pela igualdade entre a diversidade de gêneros existentes.

FICHA TÉCNICA

Idealização e Concepção: Angélica Müller e Daniela Biancardi

Coordenação Geral: Angélica Müller e Daniela Biancardi

Direção Artística: Daniela Biancardi

Direção Audiovisual: Thiago Mendonça

Roteiro: Daniela Biancardi

Orientação Dramatúrgica: Cláudia Schapira

Direção Musical: Natalia Mallo

Direção de Produção: Angélica Müller

Elenco:

Adriana Aragão – atriz e percussionista

Angélica Müller – palhaça

Daniela Biancardi – palhaça

Evelyn Cristina – atriz e DJ

Laruama Alves – atriz percussionista e clarinetista

Marcelle Barreto – atriz e pianista

Natalia Mallo – atriz e cantora e violonista

Participação especial:

Cláudia Schapira – Gran Mestra

Georgette Fadel – Voz em Off

Iluminação e videomapping: Luciana Silva

Equipe audiovisual: Bruno Nogueira, Isabel Mendonça, Murilo Morais Oliveira e Thiago Mendonça

Edição e mixagem de som: Evelyn Cristina

Figurino e Visagismo: Victor Paula

Equipe de Produção: Julia Genezini, Thiago Sgambato e Zahra El Rahim

Gravação de voz em off: Gustavo Vellutini – Estúdio Macuco

Elementos cenográficos: Angélica Müller e Daniela Biancardi

Cenotecnia: Katiana Aleixo

Costura da base de roupa de bonecas: Maria Cristina Bartholomeu do Rego

Assessoria de Imprensa: Mariana Mascarenhas

AS IDEALIZADORAS

Angélica Müller: atriz, palhaça, artista educadora e articuladora cultural periférica. Graduanda em Arte-Teatro pela UNESP, é formada pelo PFPJ dos Doutores da Alegria e pelo curso de Humor da SP Escola de Teatro. Traz consigo uma pesquisa voltada às máscaras da comédia, ao teatro físico e à corporeidade presente nas manifestações da Cultura Popular Brasileira.Co-coordena artisticamente o Núcleo Absurda Confraria que trabalha com as linguagens da comédia física e máscaras e se relaciona com temáticas acerca da pauta LGBTQIAP+ e dirige o espetáculo circense Eu Avisei que eu Vinha, da Cia Armárias.Atua como Articuladora Cultural no bairro de Perus e região Noroeste, onde é coordenadora de programação da FLINO – Festa Literária Noroeste – e integra a equipe de organizadoras do Centro de Memória Queixadas – Sebastião Silva de Souza.

Daniela Biancardi: atriz, comediante, orientadora teatral e coordenadora de projetos culturais. Dedica-se à pesquisa do teatro cômico e gestual há 25 anos. Formada pelo Centro de Artes Célia Helena, École Internacionale de Thèâtre Jacques Lecoq (Paris) e Kiklos Teatro Scuola Internazionale (Itália). Foi a primeira artista brasileira convidada para a expedição da África do Sul e Lesotho pelo Projeto Palhaços Sem Fronteiras (EUA). Vencedora do Prêmio Claudia/Editora Abril-2011 por suas ações sócio-culturais. É orientadora teatral do curso profissionalizante do Centro de Artes Célia Helena (Graduação e Técnico). Entre 2021/2022 integra o elenco da 2a Temporada da série Manhãs de Setembro (O2 / Amazon Prime), do longa-metragem Ainda e Antes do Fim.

SERVIÇO

Peça Las Tortas

Quando: 15 e 16/09, às 21h; 17/09, às 20h; 18/09, às 18h; 24/09, às 20h e 25/09, às 18h.

Quanto: R$ 9 (credencial SESC); R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira)

Informações sobre venda: https://www.sescsp.org.br/programacao/las-tortas/