Em “Não Vamos Pagar” é possível refletir sobre situações sociais e rir muito Mariana Mascarenhas maio 17, 2017 RESENHA Foto – Crédito Kelson Spalato “O preço da carne está um absurdo”. “O valor do tomate aumentou de novo”. “Esses preços do mercado são um verdadeiro assalto, considerando o salário que recebemos”. Quem nunca ouviu ou se pegou falando frases tão corriqueiras no dia a dia? Principalmente no panorama em que nos encontramos, marcado por crise econômica, desemprego e elevação de custos. Mas esse é um cenário que mais se revela atemporal do que preso a algum determinado período, afinal aumentos salariais desproporcionais a preços altos são realidades que sempre assombraram – seja de forma mais ou menos intensa – especialmente as classes menos favorecidas. Essa atemporalidade é reforçada, por exemplo, na obra Não Vamos Pagar, peça escrita pelo grande ator, diretor e dramaturgo italiano Dario Fo (1926-2106) e por sua mulher Franca Rame (1929-2013). O espetáculo foi escrito em 1974, utilizando-se de humor ácido para criticar uma crise política, econômica e social que assolava a Itália naquele período, mas que pode ser perfeitamente aplicável nos dias de hoje, dentro do cenário brasileiro, inclusive, dadas as devidas perspectivas. Sendo assim, a peça ganhou uma versão brasileira idealizada e projetada por Virginia Cavendish. Depois de estrear em 2014, no Rio de Janeiro, e percorrer mais de 22 cidades, a comédia estreou no dia 12 de maio de 2017 em São Paulo, no Teatro Porto Seguro, onde ficará em cartaz apenas até 21 de maio de 2017, com direção de Inez Viana. A peça se inicia com a conversa de duas donas de casa, Antônia (Virginia Cavendish) e Margarida (Luísa Vianna), sobre o aumento dos preços e como a primeira resolveu, junto com outras domésticas, saquear os supermercados em protesto ao custo dos alimentos, o que acaba gerando uma grande confusão. Como o marido de Antônia, João (Marcello Airoldi), é um homem extremamente correto, que não admite qualquer comportamento fora da lei, sua mulher resolve esconder os alimentos para que ele não descubra. Uma sucessão de mal entendidos se desenrola a partir de então, denotando a comicidade da peça. A história é simples e gira em torno de algo surreal de acontecer, mas é cercada de diálogos que enriquecem o enredo pelas críticas à exploração trabalhista, direito de reivindicações das mulheres, entre outros fatores. Ao mesmo tempo que incita boas reflexões no público, graças à riqueza textual dos autores, provoca risadas do começo ao fim não, somente pela história, mas, principalmente, pela excelente atuação de cada ator, que, ao seu modo, dentro da proposta cômica do personagem, se mostra hilário. O elenco todo está fantástico e em ótima sintonia, envolvido em seus papéis, enaltecendo a engenhosidade do roteiro. Excelente dica para quem estiver a fim de assistir não apenas qualquer comédia, mas uma que provoque reflexão e ao mesmo tempo que nos faça gargalhar o tempo todo. Serviço: Não Vamos Pagar Onde? Teatro Porto Seguro: Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo. Tel: (11) 3226-7300. Bilheteria: de terça a sábado, das 13h às 21h e domingos, das 12h às 19h. O Teatro Porto Seguro oferece vans gratuitas da Estação Luz até as dependências do Teatro. COMO PEGAR: Na Estação Luz, na saída Rua José Paulino/Praça da Luz/Pinacoteca, vans personalizadas passam em frente ao local indicado para pegar os espectadores. Quanto? R$ 70,00 plateia / R$ 40,00 balcão e frisas. Quando? Até 21 de maio. Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 19h. Leave a Reply Cancel ReplyYour email address will not be published.CommentName* Email* Website